segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Faleceu António Ramos Rosa



António Ramos Rosa, farense, nascido em 1924, prémio Pessoa em 1988 e um dos maiores nomes da cultura portuguesa, morreu hoje em Lisboa aos 88 anos. Em jeito de homenagem fica, aqui, um dos seus poemas.

É por Ti que Escrevo

É por ti que escrevo que não és musa nem deusa
mas a mulher do meu horizonte
na imperfeição e na incoincidência do dia-a-dia
Por ti desejo o sossego oval
em que possas identificar-te na limpidez de um centro
em que a felicidade se revele como um jardim branco
onde reconheças a dália da tua identidade azul
É porque amo a cálida formosura do teu torso
a latitude pura da tua fronte
o teu olhar de água iluminada
o teu sorriso solar
é porque sem ti não conheceria o girassol do horizonte
nem a túmida integridade do trigo
que eu procuro as palavras fragrantes de um oásis
para a oferenda do meu sangue inquieto
onde pressinto a vermelha trajectória de um sol
que quer resplandecer em largas planícies
sulcado por um tranquilo rio sumptuoso

António Ramos Rosa, in 'O Teu Rosto'


(fotografias em http://antonioramosrosa.blogspot.pt/p/biografia.html)
 

2 comentários:

Anónimo disse...

Não sendo musa nem deusa, sou com certeza alguém que vem elogiar a escolha deste tão lindo poema!!!

Anónimo disse...


António Ramos Rosa é, sem dúvida alguma, um nome incontornável da poesia contemporânea portuguesa - um POETA de Faro para o mundo! É justa a homenagem!
Importa dar o devido destaque à poesia que nos deixou..