António Ramos Rosa, farense, nascido em 1924, prémio Pessoa em 1988 e um dos maiores nomes da cultura portuguesa, morreu hoje em Lisboa aos 88 anos. Em jeito de homenagem fica, aqui, um dos seus poemas.
É por Ti que Escrevo
É por ti que escrevo que não és musa nem deusa
mas a mulher do meu horizonte
na imperfeição e na incoincidência do dia-a-dia
Por ti desejo o sossego oval
em que possas identificar-te na limpidez de um centro
em que a felicidade se revele como um jardim branco
onde reconheças a dália da tua identidade azul
É porque amo a cálida formosura do teu torso
a latitude pura da tua fronte
o teu olhar de água iluminada
o teu sorriso solar
é porque sem ti não conheceria o girassol do horizonte
nem a túmida integridade do trigo
que eu procuro as palavras fragrantes de um oásis
para a oferenda do meu sangue inquieto
onde pressinto a vermelha trajectória de um sol
que quer resplandecer em largas planícies
sulcado por um tranquilo rio sumptuoso
António Ramos Rosa, in 'O Teu Rosto'
(fotografias em http://antonioramosrosa.blogspot.pt/p/biografia.html)
2 comentários:
Não sendo musa nem deusa, sou com certeza alguém que vem elogiar a escolha deste tão lindo poema!!!
António Ramos Rosa é, sem dúvida alguma, um nome incontornável da poesia contemporânea portuguesa - um POETA de Faro para o mundo! É justa a homenagem!
Importa dar o devido destaque à poesia que nos deixou..
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